Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos, das conversas. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o cursinho e ele para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor se desgasta, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua te amando. Não saber mais se ela continua chorona. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela anda se alimentando direito. Não saber se ele tem comido batata doce, se ela tem assistido às aulas, se ele tem orado, se ela tem jejuado, se ele continua com aquele olhar, se ela continua preferindo doces, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua tocando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. É nunca mais querer saber do que atrapalhou, é tentar mudar, é tentar reconquistar. Saudades geram atitudes, que geram amor, que geram perdão. É querer amar outra vez, quem se ama, e ainda assim, doer por falta de amor.
Nana